Mostrando postagens com marcador medicamentos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador medicamentos. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de agosto de 2019

Brasil participará de fase avançada de teste de vacina contra HIV

3.800 voluntários de oito países devem participar do ensaio clínico

Matheus Moreira - FSP, 24.jul.2019

Uma vacina preventiva contra o HIV deve passar pela última fase de testes em humanos em oito países da Europa e da América, entre eles o Brasil, para avaliação de sua eficácia.

A pesquisa, apelidada de Mosaico por juntar vários subtipos do vírus para formar uma proteção ampla, está na fase 3. Esse é o estágio mais avançado dos testes antes de a imunização ser aprovada. Nessa etapa, milhares de voluntários recebem a vacina para que a capacidade de prevenir novas infecções seja avaliada.

A vacina, iniciativa do NIH (Institutos Nacionais de Saúde) dos EUA, será testada em 3.800 homens e pessoas transexuais que mantêm relações sexuais com homens e transexuais e que tenham entre 18 e 60 anos. Nos EUA, as inscrições devem começar ainda em 2019. 

No Brasil, a Faculdade de Medicina da USP será uma das instituições parceiras envolvidas no teste, segundo Esper Kallás, imunologista e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP). Ele afirma, porém, que ainda deve demorar alguns meses até que se possa falar em inscrições de voluntários. A FMUSP recebeu apenas uma carta oficializando a parceria e aguarda os protocolos do teste.

O público-alvo tem a ver com a alta prevalência do HIV entre homens gays e bissexuais e mulheres transgênero. Nos EUA, a população gay e bissexual (que representa 4% do total) responde por um terço dos novos casos de HIV, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano. O órgão também aponta que pelo menos 14% das mulheres transgênero americanas têm o vírus.

O Mosaico avaliará se a vacina induzirá respostas imunes contra múltiplos subtipos do HIV. 

Um outro estudo complementar realizado apenas com mulheres (2.600 voluntárias) em cinco países da África Austral, chamado de Imbokodo, encerrou as inscrições em maio de 2019 e deve apresentar seus primeiros resultados em 2021. 

Um terceiro estudo, que foi lançado no fim de 2016, passou por uma atualização e encerrou apenas neste ano a inscrição dos 5.400 voluntários homens e mulheres sexualmente ativos entre 18 e 35 anos. 

Todos os participantes do Mosaico receberão um kit de prevenção contra HIV, incluindo o PrEP (Profilaxia pré-exposição), medicamento utilizado para impedir o contágio pelo vírus. Além disso, os voluntários receberão, de forma aleatória, a vacina experimental ou uma injeção sem efeito. 

A vacina será administrada quatro vezes ao longo de um ano. As duas doses iniciais utilizam um composto criado a partir de um vírus de resfriado modificado e que não causa a doença para “entregar” quatro imunógenos —substância que induz respostas imunológicas. Já as duas doses finais serão compostas por proteínas do envelope viral de dois tipos de HIV.


Como funcionam as vacinas
1
Uma versão mais fraca ou morta (fragmentada) do patógeno (como o vírus HIV) é injetada na pessoa
2
Essas versões não causam a doença e o corpo cria anticorpos para lutar contra
esses patógenos ou pedaços deles
3
Se os patógenos de verdade atacarem, os anticorpos já produzidos pelo organismo os combaterão e a doença não terá chance de se instalar

Como será o novo estudo

Público
A pesquisa de fase 3 (a última antes da comercialização, caso os resultados sejam positivos) vai convocar 3.800 homens sem HIV e pessoas transgênero entre 18 e 60 anos que fazem sexo com homens e/ou transgêneros

Locais
As inscrições devem começar neste ano nos EUA. Também vão participar Brasil, Argentina, Itália, México, Polônia, Espanha e Peru

A vacina

• O estudo vai avaliar uma vacina baseada em "imunógenos mosaico", com elementos de diferentes subtipos de HIV, que poderiam induzir uma resposta imune contra uma grande variedade de cepas do vírus

• Diferentes subtipos de HIV predominam em diferentes regiões do mundo. O C é comum no sudeste africano, enquanto o B é predominante na Europa e na América


• A vacina é uma parceria público-privada entre a farmacêutica Janssen e o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), um órgão público americano

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Precisamos falar sobre POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA / HIV

(Imagem - Projeto Colabora)


"... em ambos os lugares, os remédios foram fracionados - a dose distribuída normalmente a uma pessoa foi dividida em duas, alcançando, assim, dois usuários dos remédios -, evitando que pessoas ficassem desassistidas..."



*

"“Nesse velho armário novo eu não vou entrar, parcelado em dias de aflição”, canta o jovem Silvino, de 25 anos, na música Olhos Amarelos. Na composição, ele fala da decisão de não esconder o resultado positivo para o teste de HIV (vírus da imunodeficiência humana), que fez em 2016. Vinicius Silvino decidiu transformar seus sentimentos e medos em arte. E se engajou na luta pelo fim da discriminação contra pessoas vivendo com o vírus. 

"Agora, ele solta a sua voz para expor mais uma angústia das mais de 830 mil pessoas que fazem o tratamento de HIV/AIDS no Brasil: as falhas na distribuição de medicamentos. “Remédios que eu recebia em quantidade suficiente para dois meses, passaram a ser entregues para apenas um. Outros passaram a ter distribuição quinzenal. Isso nos coloca em constante apreensão e a alguns de nós, em risco”, alerta. ""



*


“A falta de um remédio interfere diretamente na efetividade do tratamento, como explica o médico infectologista Cézar Pinheiro. "Se a pessoa tomar de maneira irregular ou faltar, tomar um pouco ou não tomar tem risco de fazer resistência e o tratamento não ser efetivo", detalha."




*


“O Brasil está vivendo um dos piores momentos em relação à distribuição de antirretrovirais. Sempre falta em algum lugar. Estamos em um processo de retrocesso enorme, com uma ameaça muito grande à lei de acesso universal à distribuição de antirretrovirais“, diz ele. “A compra da metade do estoque (em junho) teve impacto direto nos serviços de saúde do Brasil todo. É um absurdo. O governo está brincando com a vida das pessoas”.
Salvador Côrrea, psicólogo com mestrado em Saúde Pública e porta-voz da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA). 



= = = = = = = = = = = = = = 


= = = = = = = = = = = MARÇO 2018


Portadores de HIV enfrentam dificuldades para encontrar medicamentos no Rio
Medicamentos em falta custam cerca de R$3 mil. Em 2017, um problema de logística na distribuição dos produtos também prejudicou a entrega dos remédios no Rio.
Bom Dia Rio - 21/03/2018

Os pacientes portadores do vírus HIV relatam dificuldades para encontrar os medicamentos necessários para o tratamento da doença. Os remédios, que são distribuídos gratuitamente pela rede pública de saúde, estão em falta nas clínicas da Família e nos postos de saúde da cidade. Em 2017, um problema de logística também afetou a distribuição do medicamento.

De acordo com Maria Eduarda Aguiar, integrante da ONG ‘Pela Vidda’, esses remédios são importantes para evitar complicações na saúde dos pacientes.

“A falta dessa medicação e descontinuidade no tratamento gera prejuízos graves ao paciente. O paciente que fica sem esse medicamento por um dia ou dois pode fazer com que o vírus fique ainda mais resistente.", explica Maria.

O estado do Rio de Janeiro só administra a entrega dos remédios de HIV para os outros 91 municípios do estado. A distribuição na capital é feita diretamente entre prefeitura e Ministério da Saúde.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que todos os medicamentos para tratamento da Aids são fornecidos pelo Ministério da Saúde. A SMS disse ainda que houve uma irregularidade no abastecimento e algumas apresentações de certos medicamentos estão sendo substituídas temporariamente pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a Secretaria, a substituição está sendo realizada pelos mesmos medicamentos com outra apresentação, o que não gera nenhum dano ao tratamento. Os pacientes que tiverem dúvida ou dificuldade na retirada da medicação devem procurar a direção da unidade ou seu médico para os devidos esclarecimentos.

O Ministério da Saúde esclarece que não há falta de medicamentos para o tratamento antirretroviral no país. Em relação ao medicamento Darunavir 600mg, o estoque do estado do Rio de Janeiro em março deste ano é de 423.530 comprimidos. O Ministério destaca que o consumo médio mensal (últimos 3 meses) é de 309.030 comprimidos para atender aos pacientes do Estado. Além disso, já está programada uma entrega de 100.020 comprimidos para a próxima semana.

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/portadores-de-hiv-enfrentam-dificuldades-para-encontrar-medicamentos-no-rio.ghtml



+
= = = = = = = = = = = JULHO 2018


Distribuição de medicamentos para Aids é normalizada em Porto Alegre
Suzy Scarton - Jornal do Comércio  - Julho.2018

Depois de um período de desabastecimento, a distribuição de medicamentos para HIV/Aids foi normalizada em Porto Alegre. A compra dos 37 tipos de remédios é centralizada no Ministério da Saúde, que faz o repasse aos estados, os quais ficam responsáveis pela redistribuição aos municípios. 

A reportagem do Jornal do Comércio percorreu quatro centros de saúde que distribuem o coquetel de drogas para a doença. No centro de saúde que fica dentro do Sanatório Partenon (avenida Bento Gonçalves, 3.722) e no Ambulatório de Dermatologia Sanitária (avenida João Pessoa, 1.327) foi registrada a falta de antirretrovirais, como o 3 em 1, composto por uma combinação de tenofovir, lamivudina e efavirenz,. 

No entanto, em ambos os lugares, os remédios foram fracionados - a dose distribuída normalmente a uma pessoa foi dividida em duas, alcançando, assim, dois usuários dos remédios -, evitando que pessoas ficassem desassistidas. No Centro de Saúde IAPI (rua 3 de abril, 90), não houve carência recente, embora os medicamentos "eventualmente faltem". 

O Centro de Saúde Santa Marta (rua Capitão Montanha, 27) se recusou a repassar informações, mas a reportagem testemunhou a entrega do medicamento 3 em 1 a um usuário. O JC não conseguiu contato com o Centro de Saúde Vila dos Comerciários (avenida Moab Caldas, 400, bairro Santa Tereza). O Conselho Municipal de Saúde, por meio da Comissão de DST/Aids, confirmou que a situação foi normalizada. No entanto, o problema existe e é recorrente no Estado. No final de junho, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa organizou uma audiência pública para debater o tema. 

A pauta foi o desabastecimento de antirretrovirais, essenciais a pelo menos 50 mil gaúchos com HIV. Na época, a própria Secretaria Estadual de Saúde (SES) admitiu que a provisão de três medicamentos - efavirenz, lamiduvina e biovir - era considerada crítica. "Vários medicamentos faltaram desde o começo do ano. Parece que, agora, está regularizado. Mas temos de ficar de olho, estamos brigando por essa regularização. Fizemos a audiência pública e, pelo visto, funcionou", comenta José Hélio Costalunga, integrante da Comissão de DST/Aids. 

Por nota, o Ministério da Saúde garantiu que não há falta de remédios para Aids em nenhum estado e que mantém as remessas dos 37 medicamentos, de forma a manter o abastecimento em dia. Afirma, no entanto, que desabastecimentos pontuais podem ocorrer, eventualmente, devido à complexidade do processo de compras e de distribuição. 

Também procurada, a SES corrobora o posicionamento da pasta federal de que pode ocorrer escassez pontual de algum item, mas garantiu que o ministério nunca interrompeu o envio de antirretrovirais. Em nível municipal, a Assistência Farmacêutica da prefeitura de Porto Alegre confirmou que houve problemas, na semana passada, com um medicamento, mas afirma que a situação foi resolvida e que não há desabastecimento no momento. 

Mesmo com queda, Estado ainda lidera ranking da doença A carência de medicamentos para HIV no Rio Grande do Sul preocupa não só pelo perigo e pela insegurança que causa aos diagnosticados, mas também pelo fato de que tanto o Estado como Porto Alegre lideram as estatísticas da doença no Brasil. Embora tenha havido uma queda nos índices nos últimos dez anos, o mais recente Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do Ministério da Saúde, de março deste ano, mostra que, no ranking referente às taxas de detecção de Aids, Roraima e Rio Grande do Sul seguem apresentando as mais altas - 33,4 e 31,8 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Acre tem a menor, de 8,7 casos. 

Entre as capitais, Porto Alegre desponta com uma taxa de 65,9 casos a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da do Estado e 3,6 vezes maior que a do Brasil (18,5 casos). A Capital também lidera o ranking de maior taxa de detecção entre gestantes, com 20 casos a cada mil nascidos vivos - 7,7 vezes maior que a taxa nacional e 2,2 vezes maior que a estadual. 

Mesmo com o ligeiro declínio, os números ainda assustam. Segundo o Ministério da Saúde, em 2006, o Rio Grande do Sul diagnosticou 4.237 novos casos. Em 2016, foram 3.584, uma queda de 15,5%. Já a taxa de detecção, em 2006, era de 38,6 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2016, caiu para 31,8. Os dados de 2017 ainda não foram consolidados.  

(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/geral/2018/07/639837-distribuicao-de-medicamentos-para-aids-e-normalizada-em-porto-alegre.html)




+
= = = = = = = = = = = JULHO 2018

Problemas no abastecimento de medicamentos para HIV e Aids causam preocupação no Rio Grande do Sul
Pacientes enfrentam falta ocasional de algum dos componentes do tratamento na capital e no interior. Ministério da Saúde atribui a processo logístico de compra e distribuição.
Por G1 RS e RBS TV - 18/07/2018

Os pacientes com vírus HIV e com Aids do Rio Grande do Sul enfrentam uma situação difícil: o desabastecimento ocasional de alguns antirretrovirais, medicamentos necessários para o tratamento da doença crônica. A falta dos medicamentos não é generalizada: em Porto Alegre, por exemplo, pacientes reclamam que não encontram um dos tipos usados no tratamento, a lamivudina, nas farmácias do Posto IAPI, Santa Marta, Vila dos Comerciários e do Hospital de Clínicas, desde março.

Os medicamentos são repassados pelo Ministério da Saúde, e distribuídos para os municípios pela Secretaria de Saúde.

Em Santa Cruz do Sul, cidade distante cerca de 150 km de Porto Alegre, foi registrado o atraso de uma semana na entrega da lamivudina.

"Tem dez anos que eu tomo remédio. Isso aqui é tua vida, né? Então eu quero viver. Tem que ser certinho com o remédio pra eu viver", afirma outro paciente de HIV da cidade, onde cerca de 850 pessoas tratam a doença.

Em Pelotas, no Sul do estado, onde mais de 1,8 mil pessoas precisam realizar o tratamento contra o vírus, as listagem de pedidos enviadas pelo município não têm sido entregues por completo. Há remessas extras, que ajudam a suprir a necessidade, mas a situação causa preocupação nos médicos e pacientes.

"A distribuição não é regular, ela tem tido vários hiatos, vários períodos sem medicação. Ora sem um, ora sem o outro e isso compromete na realidade, a qualidade de vida do usuário", diz Eliédes de Freitas Ribeiro, diretora de Ações em Saúde, em Pelotas.

Um paciente de Pelotas, que não quis se identificar, conta que é frustrante não encontrar todos os remédios que precisa.

"Esse medicamento nos faz falta, porque é um medicamento de uso contínuo. Se a gente não tomar ele, baixa a imunidade da gente. Então a gente fica sempre assim, com os nervos à flor da pele", diz ele.

Problemas de saúde e desestímulo à adesão

A falta de um remédio interfere diretamente na efetividade do tratamento, como explica o médico infectologista Cézar Pinheiro. "Se a pessoa tomar de maneira irregular ou faltar, tomar um pouco ou não tomar tem risco de fazer resistência e o tratamento não ser efetivo", detalha.

A falta de remédios afeta também na adesão do paciente ao tratamento. Há relatos de municípios que disponibilizaram medicamentos para cinco dias, quando o padrão é a distribuição para todo o mês. Essa situação causa transtornos para o paciente, que pode acabar desestimulando-o o seguir com o tratamento.
"Em vez de a pessoa fazer a terapia completa, ela faz a terapia fracionada", explica o vice-presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS (Gapa), Carlos Alberto Duarte. Segundo ele, para que o tratamento seja efetivo, o máximo que pode falhar na medicação é em torno de 5%. "Nessas falhas, o paciente acaba ficando um mês sem a medicação completa", diz.

A Secretaria Estadual de Saúde, por meio de nota, confirma que eventualmente acontecem faltas pontuais de algum dos 39 medicamentos antirretrovirais adquiridos pelo Ministério da Saúde e enviados ao estado. Mesmo assim, segundo a pasta, nunca houve o interrompimento total de envio ao estado.

Já o Ministério da Saúde afirma, também através de nota, que tem mantido as remessas de forma a garantir o abastecimento dos medicamentos em dia. Desabastecimentos pontuais, informa o ministério, podem ocorrer devido à complexidade do processo de compras e distriuição. Mesmo assim, não há repasse menor do que o número de pacientes que precisam de medicamentos, conclui a nota.

(https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2018/07/18/problemas-no-abastecimento-de-medicamentos-para-hiv-e-aids-causam-preocupacao-no-rio-grande-do-sul.ghtml)



+
= = = = = = = = = = = OUTUBRO 2017

A angústia dos soropositivos na busca por medicamentos
Pessoas vivendo com HIV relatam aflição e riscos diante das últimas falhas na distribuição de remédios que fazem parte do coquetel contra a Aids
Projeto Colabora - Yuri Fernandes - 11 de outubro de 2017

“Nesse velho armário novo eu não vou entrar, parcelado em dias de aflição”, canta o jovem Silvino, de 25 anos, na música Olhos Amarelos. Na composição, ele fala da decisão de não esconder o resultado positivo para o teste de HIV (vírus da imunodeficiência humana), que fez em 2016. Vinicius Silvino decidiu transformar seus sentimentos e medos em arte. E se engajou na luta pelo fim da discriminação contra pessoas vivendo com o vírus. Agora, ele solta a sua voz para expor mais uma angústia das mais de 830 mil pessoas que fazem o tratamento de HIV/AIDS no Brasil: as falhas na distribuição de medicamentos. “Remédios que eu recebia em quantidade suficiente para dois meses, passaram a ser entregues para apenas um. Outros passaram a ter distribuição quinzenal. Isso nos coloca em constante apreensão e a alguns de nós, em risco”, alerta.

Atualmente, o SUS oferece, gratuitamente, 22 medicamentos para soropositivos – 12 deles produzidos no Brasil. Nos últimos meses, pelo menos 13 estados declararam problemas no estoque de antirretrovirais. “É muito triste tudo que está acontecendo. Os meses de julho e agosto foram um caos”, afirma Regina Bueno, advogada e defensora das causas de pessoas que vivem com HIV/Aids. Foi ela a quem o jovem Alex (nome fictício), carioca de 28 anos, recorreu quando se viu pela primeira vez sem ter o lamivudina (que faz parte do coquetel) para tomar. “Fiquei um dia sem. No mês passado, foi a mesma coisa. É complicado, não era para acontecer. Então, tenho medo do que possa ocorrer daqui pra frente”, lamenta o rapaz, que está em tratamento há mais de um ano.

Também foi a primeira vez, em quatro anos, que Guilherme (nome fictício), de 33 anos, foi em uma unidade de saúde atrás do seu coquetel e não encontrou um dos medicamentos. O fato aconteceu em setembro. “A atendente disse que o retornavir estava em falta, mas que os outros eu poderia levar. Era só assinar, ir embora e ficar retornando para ver quando o que estava faltando chegaria. Eu disse que aquilo era contra a lei e queria uma declaração por escrito do farmacêutico sobre a falta do remédio. No fim, conseguiram a medicação em um posto de saúde próximo”.

O fornecimento fracionado, com a entrega de pequenas quantidades de comprimidos e o pedido para que a pessoa volte em poucos dias para buscar o restante, também é completamente irregular, alerta a advogada Regina Bueno. “Isso é terminantemente proibido pela Anvisa, pelos conselhos de Farmácia e até mesmo pelo Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais”, diz. “Trata-se de uma doença crônica. Se a pessoa fica sem tomar um remédio, as consequências, muitas vezes, aparecem rapidamente, além de poder causar resistência viral. Cada organismo age de um jeito”, diz. “Como trabalhamos com jovens em rede, um ajuda o outro para que não deixe de tomar o medicamento, que é de uso contínuo e ininterrupto”.

Segundo Regina, no mês de junho, o Ministério da Saúde reduziu a compra de medicamentos “à metade do que geralmente é adquirido para o abastecimento nacional”.  A situação foi regularizada já no mês seguinte. 

No entanto, também houve falhas na distribuição dos remédios, como afirma Salvador Côrrea, psicólogo com mestrado em Saúde Pública e porta-voz da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA). 

“O Brasil está vivendo um dos piores momentos em relação à distribuição de antirretrovirais. Sempre falta em algum lugar. Estamos em um processo de retrocesso enorme, com uma ameaça muito grande à lei de acesso universal à distribuição de antirretrovirais“, diz ele. “A compra da metade do estoque (em junho) teve impacto direto nos serviços de saúde do Brasil todo. É um absurdo. O governo está brincando com a vida das pessoas”.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que “não há falta de medicamentos para AIDS no Rio de Janeiro e em nenhuma unidade da federação. Cabe esclarecer que o processo logístico da distribuição de antirretrovirais é compartilhado entre União e Estados. Compete ao Governo Federal adquirir todos os medicamentos antirretrovirais e distribuir para o almoxarifado dos estados. Esses, por sua vez, devem repassar às unidades de Saúde”.

O resultado disso é que pessoas vivendo com HIV, que já são obrigados a lutar diariamente contra o preconceito, têm redobrada sua carga de sofrimento. “Foi comprado remédio? Foi! Mas não o suficiente para que pudesse cobrir as falhas na logística da distribuição. Tenho atendido gente em completo desespero”, afirma Reinaldo R. Júnior, ativista e coordenador de eventos da Rede Jovem Rio +, voltada para soropositivos. 

“Quem tem HIV não pode esperar”, reforça Salvador Corrêa, autor do livro “O Segundo Armário: Diário de um Jovem Soropositivo”.  “Estamos falando de uma doença, de uma situação que pode levar à morte. A vida tem que estar em primeiro lugar, acima de qualquer outro interesse”, finaliza.

Em meio à discriminação, aos retrocessos e à angústia e medo gerados pelos últimos problemas na distribuição de medicamentos, Silvino, o cantor citado no início da reportagem, segue fazendo da sua história inspiração para quem, como ele, carrega o vírus: “Expor a sorologia é um ato de coragem? É. Mas também é um ato de oportunidade, percebe? Você não é só um vírus. Você é um corpo social, que está inserido em determinada situação. A questão que fica é: não falar sobre HIV/AIDS e permanecer alimentando esse monstro social prejudica só a quem vive com o vírus? Para mim, parece que atrasa a sociedade como um todo”.

(https://projetocolabora.com.br/saude/escassez-de-medicamentos-contra-o-hiv/)

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Undetectable Meant Zero HIV Transmissions After 89,000 Condomless Sex Acts

Undetectable Meant Zero HIV Transmissions After 89,000 Condomless Sex Acts
The newly released PARTNER2 study documented 77,000 condomless anal sex acts between mixed-HIV-status men; Opposites Attract had 12,000.
July 24, 2018 • By Benjamin Ryan

An enormous trove of evidence has just been released that supports the increasingly solid global consensus that having an undetectable viral load thanks to antiretroviral (ARV) treatment is associated with effectively zero chance of transmission.

The long-awaited results from the PARTNER2 study of mixed-HIV-status gay male couples are finally in. Presented today at the International AIDS Conference in Amsterdam (AIDS 2018), the prospective observational study saw zero transmissions between study partners when the HIV-positive partner had a fully suppressed viral load, even after nearly 77,000 condomless anal sex acts. Together with the 12,000 condomless sex acts documented between such partners in the Opposites Attract study, researchers now have data on 89,000 such acts between male partners.

In recent years, three major studies have followed mixed-HIV-status couples over time in an effort to assess the power of ARV treatment to prevent transmission. None have seen the HIV-positive participants transmit the virus to their study partners when they had an undetectable viral load. The HPTN 052 study included only heterosexual couples, while the PARTNER study included both male-female and male-male couples; the Opposites Attract study, which was just published, focused exclusively on male-male couples.

Because the PARTNER study had less data on gay male partners compared with heterosexual partners, the study authors extended the study with a phase called PARTNER2 to gather more data pertaining to gay couples. The purpose of this extended and expanded study was to reach a refined level of mathematical certainty about the risk of transmission of HIV between men when one has an undetectable viral load and the other is HIV negative.

According to an agency press release, having reviewed the evidence from these studies, Anthony S. Fauci, MD, director of the National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), in an address he gave in a July 22 preconference meeting in Amsterdam, concluded “that the body of scientific evidence to date has established that there is effectively no risk of sexual transmission of HIV when the partner living with HIV has a durably undetectable viral load, validating the U=U [Undetectable = Untransmittable] message of HIV treatment as prevention.”

The PARTNER study was conducted in 14 European countries. The first phase, which ran from September 2010 to May 2014, recruited heterosexual and gay male mixed-HIV-status, or serodiscordant, couples. The second phase ran through April 2018 and continued following serodiscordant gay male couples already in the study while also recruiting new couples in this demographic.

The investigators collected sexual behavior information from participants upon their entry into the study and every six to 12 months thereafter. The HIV-negative partners also received testing for the virus while the HIV-positive partners received viral load tests at each study visit. If an initially HIV-negative partner contracted the virus, the study authors conducted genetic testing to determine whether his virus was genetically linked to his partner’s, helping to determine whether the virus transmitted from one to the other.

As with Opposites Attract, the final analysis of the extended PARTNER study, known as PARTNER2, looked only at study follow-up time during which the HIV-positive partners had a viral load below 200, the HIV-negative partners were not on PrEP and the participants reported condomless anal sex within each couple.

Between September 2010 and July 2017, the study enrolled 972 serodiscordant gay male couples; 783 of these couples provided the study with 1,596 cumulative years of follow-up that qualified for the final analysis. (Each year of follow-up for each couple counted as one year in this equation, not two.) Each couple was followed for a median of 1.6 years.

Upon entry into the study, the average age of the participants was 40 years old for the HIV-positive partners, with the 25th to 75th percentile range spanning 33 to 46 years old. The corresponding respective figures for the HIV-negative men were 38 years old and 31 to 45 years old. The HIV-positive men had been on treatment for the virus for a median 4.0 years at the study’s outset. The couples reported condomless sex during a median of 1.0 years of follow-up.

Twenty-seven percent of the HIV-positive participants and 23 percent of the HIV-negative participants were diagnosed with a sexually transmitted infection (STI) during the study’s follow-up period.

Thirty-seven percent of the HIV-negative men reported condomless sex with outside partners. 

During the follow-up periods eligible for the final analysis, the couples in PARTNER2 reported 76,991 condomless sex acts with one another, or a median of 43 such sex acts per couple per year, with a 25thto 75thpercentile range of 19 to 74 acts per couple per year.

Opposites Attract, meanwhile, had data on 12,447 reported acts of condomless anal intercourse between two men in which one was HIV positive and had a viral load below 200 and the other was HIV negative and not on PrEP.

So between PARTNER2 and Opposites Attract, researchers have now documented 89,438 condomless sex acts and zero HIV transmissions within mixed-HIV-status gay-male couples in which the HIV-positive partner had a fully suppressed viral load. When Opposites Attract’s findings were first presented at the 9th International AIDS Society Conference on HIV Science in Paris (IAS 2017) a year ago, this cumulative figure was far less than half that, at 35,000 such sex acts.

The first phase of PARTNER, meanwhile, had data on about 36,000 condomless sex acts between mixed-HIV-status heterosexual couples and zero transmissions of the virus between them.

In PARTNER2, 37 percent of the HIV-negative men reported condomless sex with partners other than their main partner.

Fifteen of the initially HIV-negative men in PARTNER 2 tested positive for the virus during follow-up, 11 of whom reported recent condomless sex with outside partners. None of these infections were genetically linked to these men’s primary partners. Consequently, the study authors concluded that there were zero genetically linked HIV transmissions within the couples during the follow-up time that qualified for the final analysis.

When the PARTNER results were published in 2016, the study authors provided various estimate ranges within which the true risk of transmission lies for various sex acts when one partner has a fully suppressed HIV viral load and the other is HIV negative. For heterosexuals engaging in anal or vaginal sex, the investigators estimated that the risk of transmission per 100 cumulative years of follow-up in this context was between zero and 0.97 transmissions when the male has and between zero and 0.88 when the female has HIV.

Because this initial phase of the study had less data on gay male couples, the estimate range on HIV transmission risk for this demographic was less precise than for heterosexuals. Breaking down these estimate ranges by sex acts, the PARTNER study estimated that per 100 cumulative years of follow-up among gay-male couples, the risk of transmission was as little as zero for all sex acts and as great as 0.84 transmissions for any kind of sex, 0.89 transmissions for anal sex in general, 1.0 transmission for insertive anal sex (being the top), 2.7 transmissions for receptive anal sex with ejaculation (bottoming with the top cumming inside) and 1.68 transmissions for receptive anal sex without ejaculation.

Thanks to the much greater level of follow-up data supporting the PARTNER2 findings, these upper limits of the risk of transmission were narrowed to a respective 0.23, 0.24, 0.27, 0.57 and 0.43 transmissions per cumulative 100 years for any kind of sex, anal sex in general, insertive anal sex, receptive anal sex with ejaculation and receptive anal sex without ejaculation. In addition, the study authors calculated that the upper limits of the risk of transmission for any type of sex while infected with an STI was 2.74 transmissions per cumulative 100 years.

Again, the low end of all these estimate ranges was zero, meaning that the true risk of HIV transmission for any kind of intercourse between men may indeed be zero, provided the partner living with the virus has a fully suppressed virus.

“Now we can have just as much confidence in the power of [HIV] treatment as prevention for gay-male couples as we have had for heterosexual couples,” said Linda-Gail Bekker, MD, PhD, president of the International AIDS Society and the international chair of AIDS 2018, in a call with reporters prior to the conference. Bekker is a professor of medicine and the deputy director of the Desmond Tutu HIV Centre at the University of Cape Town in South Africa.

Linda-Gail Bekker, MD, PhD
Benjamin Ryan

In PARTNER2, the respective cumulative years of follow-up and number of reported condomless sex acts for any kind of sex was 1,596 years and 76,991 acts for any kind of sex, 1,546 years and 70,743 acts for anal sex in general, 1,345 years and 52,572 acts for insertive anal sex, 652 years and 20,770 acts for receptive anal sex with ejaculation, 867 years and 23,153 acts of receptive anal sex without ejaculation, and 135 years and 6,301 acts for any sex with an STI.

Editor’s note: The figures in this article have been updated to reflect more up-to-date data from the researchers. 

To read the NIAID press release, click here.


Festival #ContatoVirtual 2018 - Programação - Sets, mixtapes, lives

CONTATO VIRTUAL 2018 - www.function.fm - 17 dias Programação - CURADORES + CONVIDADOS (imagem: Luiz...