quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Política moralista só fez aumentar taxa de transmissão de HIV entre jovens

Cláudia Collucci - FSP - 01.01.2019
Interferência de bancada conservadora em campanhas de saúde pública deve crescer

É preocupante a fala do novo ministro da Saúde na gestão de Jair Bolsonaro, o médico Luiz Henrique Mandetta, de que o Estado tem que tomar cuidado para não ofender as famílias com campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.

Mandetta não deixa claro que tipo de abordagem caracterizaria uma "ofensa às famílias", muito menos a que modelo familiar ele se refere. Mas a história tem mostrado que quando falsos moralismos se sobrepõem às evidências científicas há impactos muito negativos nas políticas de saúde.

Não é de hoje que a bancada conservadora do Congresso interfere diretamente em campanhas públicas de saúde, especialmente nas que dizem respeito às infecções sexualmente transmissíveis. Foi por pressão dela que o Ministério da Saúde, no período que antecedeu ao Carnaval de 2012, suspendeu a exibição de propaganda com foco na prevenção do HIV em jovens gays.

Em março de 2013, também mandou recolher um material de prevenção das DSTs/Aids dirigido a adolescentes, que abordava temas como a homossexualidade, drogas e gravidez. Ainda houve vetos em campanha voltada para as prostitutas, grupo que representa entre 10% e 15% das mulheres infectadas pelo HIV no país.

Nos últimos anos, também por pressão dos conservadores, reinou no ambiente escolar um silêncio sobre sexualidade, riscos, questões de gênero e preconceito.

Bolsonaro já disse, por exemplo, ser contra a abordagem da sexualidade nas instituições de ensino. “Quem ensina sexo para a criança é o papai e a mamãe. Escola é lugar de aprender física, matemática, química”, afirmou em novembro.

Para pesquisadores, a interferência conservadora pode ser uma das causas do aumento da taxa de transmissão do HIV entre meninos de 15 a 19 anos. Entre 2006 e 2015, ela triplicou nessa faixa etária, segundo estudo encomendado pelo Ministério da Saúde, divulgado em maio. Entre jovens de 20 a 24 anos, duplicou. São Paulo é a cidade com maior prevalência do vírus, com 24.8%

"O crescimento do apoio da bancada 'boi, bala e bíblia' em um Congresso considerado o mais conservador na história da democracia do país levou a redução nas pautas de gênero e sexualidade e reduziu o apoio a programas que focam nas necessidades de homens que fazem sexo com homens", diz o estudo.

Mas não é só isso. A mudança no comportamento sexual entre os jovens, que não teme mais a Aids, também influencia no aumento da taxa de transmissão do vírus. O estudo mostra que é justamente a faixa etária mais infectada que dá menos importância ao sexo seguro e ao risco de contrair HIV por acreditar na eficácia dos tratamentos disponíveis na saúde pública e medicamentos de profilaxia.

Na entrevista, Mandetta faz críticas à atual política de controle do HIV, dizendo que é necessário rever o padrão de comunicação nessas campanhas. A própria pesquisa encomendada pelo ministério concluiu que para a redução da taxa de infectados no Brasil é preciso investir em abordagens e campanhas que envolvam as comunidades LGBT e também que falem com os jovens para conscientizar sobre os riscos da HIV e a importância de se proteger durante o sexo.

Não é com uma política de prevenção moralista que essas metas serão alcançadas, especialmente entre as populações mais vulneráveis. O Brasil já foi considerado um dos países modelos no tratamento da Aids e conseguiu essa resposta graças à combinação de ações, como defesa de direitos civis, combate ao preconceito, aumento da autoestima das populações afetadas, distribuição de preservativos, acesso ao teste de HIV e tratamento com remédios antirretrovirais.

Nos últimos anos, no entanto, o governo tem colecionado equívocos que podem levar ao agravamento da epidemia de Aids. A contar pelas declarações do atual governo e pelo aumento da bancada conservadora no Congresso, a coleção de retrocessos deve crescer muito mais a partir desta terça (1º).


Jornalista especializada em saúde, autora de “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2019/01/politica-moralista-so-fez-aumentar-taxa-de-transmissao-de-hiv-entre-jovens.shtml

Aids, manifesto ao futuro ministro

Mário Scheffer e Caio Rosenthal
FSP - 30.11.18

Senhor futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, queremos tratar de um motivo de orgulho nacional, de uma história de resiliência do Sistema Único de Saúde (SUS). Graças aos esforços de cidadãos e governos de diversos partidos, o Brasil cavou trincheira internacionalmente reconhecida na luta contra a aids e pela proteção aos direitos das pessoas com HIV.

Foi com os recursos e os profissionais do mesmo SUS --que socorreu o presidente eleito, Jair Bolsonaro, após o bárbaro atentado--, com a atuação de entidades civis e com base em sólidas provas científicas que se chegou hoje à distribuição na rede pública de 22 tipos de antirretrovirais a mais de 580 mil pessoas que dependem desses medicamentos para viver.

Não pode haver trégua diante de uma epidemia que se aproxima de um milhão de casos e mais de 350 mil mortes desde 1980 no Brasil.

A persistência de números espantosos --são 40 mil novos registros de aids e 12,5 mil óbitos por ano no país-- requer ações continuadas para evitar mais infecções e garantir tratamento diário para que cidadãos HIV-positivos permaneçam bem de saúde.

A questão não é o que as pessoas são ou o que fazem, mas se a elas são asseguradas ou não possibilidades de se prevenir e se tratar.

Quanto mais discriminadas, mais expostas a se infectar estarão as populações que também não chegam facilmente ao diagnóstico e ao tratamento. A forma negativa e extrema com que muitos ainda reagem àqueles que têm HIV é uma das principais barreiras para a prevenção que, no final das contas, beneficiaria a todos. Países que trocaram essas evidências por prescrições morais e religiosas, como alguns do continente africano, colheram catástrofes de saúde pública.

Enquanto vacina e cura ainda estão fora do horizonte, o Brasil segue hesitante ao tolerar o preconceito e ao retardar inexplicavelmente medidas para que mais gente faça o teste e saiba se tem ou não o HIV. E para que todos que se descobrem soropositivos tenham a mesma chance de iniciar o tratamento no tempo certo.

Aos que já são acompanhados pela rede pública devem ser dadas condições de adesão à medicação até a supressão viral, estado que preserva a saúde individual e freia a circulação do vírus entre mais pessoas.

Como alternativa à testagem em serviços de saúde, precisam ser disseminados os testes rápidos em locais comunitários e os autotestes feitos onde for melhor para cada um. 

Como o uso de preservativos pode, por vezes, falhar, deve ser facilitada no SUS a opção altamente eficaz dos medicamentos que, tomados antes ou depois do risco de se infectar, impedem a transmissão do HIV.

Para populações vulneráveis, como os jovens --a aids mais avança na faixa de 15 a 22 anos--, faltam campanhas em mídias e formatos digitais com conteúdos que não atribuam culpa e se comuniquem abertamente com as expressões de sexualidade e sociabilidade dessas novas gerações.

Completa-se com maior financiamento do SUS, para resgatar serviços de referência hoje lotados e com falta de profissionais; apoiar associações de pacientes; investir em prevenção e na produção de medicamentos genéricos nacionais, incluindo licenciamento compulsório no caso de patentes de antirretrovirais prolongadas indevidamente. Os custos de uma epidemia desgovernada, por certo, seriam infinitamente maiores.

O enfrentamento da aids sempre foi um campo de tensões e polêmicas. Mas mesmo vozes dissonantes na política e nos costumes podem, com tolerância às diferenças, atuar em nome do bem comum e da saúde coletiva, para acolher as pessoas afetadas, mobilizar a sociedade para a prevenção e não permitir um passo atrás em uma política bem-sucedida e conquistada a duras penas.

Mário Scheffer
Professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
Caio Rosenthal
Médico infectologista


https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/11/aids-manifesto-ao-futuro-ministro.shtml?

06.2018 - Em SP, 1 a cada 4 homens que transam com homens tem HIV, revela estudo

Entre jovens de 15 a 19 anos do país, taxa de infecção triplicou; medo da Aids e uso de camisinha são menores

Cláudia Collucci - Folha de SP - 06.06.18

Um a cada quatro homens que fazem sexo com homens no município de São Paulo tem HIV, revela pesquisa feita em 12 cidades brasileiras encomendada pelo Ministério da Saúde.

Em 2011, outro estudo realizado no centro da capital havia apontado uma prevalência de 15% nesse grupo. Mas como envolveu metodologia diferente, não é possível comparar os dois trabalhos. 

Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência do HIV na população geral é de 0,4%. 

Publicada pela revista internacional Medicine, a nova pesquisa entrevistou 4.176 homens de 11 capitais e Brasília, de modo a representar todos os estratos sociais.

Desses, 3.958 aceitaram fazer o teste do HIV, com 18,4% de resultados positivos. A pesquisa anterior, de 2009, com a mesma metodologia, encontrou prevalência de 12,1%.

“É um número altíssimo. São vidas e vidas em risco”, diz Lígia Kerr, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e que coordenou ambos os trabalhos.

No grupo entrevistado, 83,1% se declaram gays, 12,9% heterossexuais ou bissexuais e 4% outros. Do total, 75% transam só com homens.

O estudo utilizou de uma metodologia americana que recruta pessoas-chaves (chamadas de sementes) para serem entrevistadas e testadas duas vezes. Essas, por sua vez, indicam outras pessoas com o mesmo perfil e assim por diante.
Foram feitos dois testes do HIV, a maioria em unidades de saúde. Metade dos participantes foram testados pela primeira vez na vida.

Para Ligia, vários fatores explicam o aumento da prevalência do HIV entre homens que transam com homens, fenômeno visto em países da Europa e nos EUA. “Já se fala em segunda onda da Aids.”

No Brasil, entre as hipóteses estão a falta de campanhas preventivas, a redução do uso da camisinha e as mudanças comportamentais que permitiram, entre outras coisas, a busca por parceiros sexuais por meio de aplicativos —o que pode levar a um maior número de parceiros e de relações desprotegidas.

Outra hipótese, diz ela, foi a redução das campanhas de prevenção. Por falta de verbas, várias ONGs que antes faziam ações preventivas voltadas ao público gay foram fechadas.

As campanhas públicas também minguaram. “Foi uma pressão muito grande da bancada conservadora que a gente chama de bala, boi e bíblia. Cartilhas que falavam sobre sexualidade e que já estavam impressas foram proibidas de ser distribuídas nas escolas. Foram proibidas propagandas de TV. É como se a Aids tivesse desaparecido.”

De acordo com Ligia, os jovens estão iniciando a vida sexual sem nada que os lembre sobre a Aids, o que se reflete no aumento de casos de HIV entre os mais jovens.

A pesquisa apontou que entre 15 e 19 anos, a taxa de soropositivos triplicou (de 2,4 para 6,7 casos por 10 mil habitantes). Entre 20 e 24 anos, o índice dobrou (de 15,9 para 33,1 casos por 100 mil). Dados do Ministério da Saúde mostram que só 56,6% dos jovens entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais.

Para o estudante de direito Matheus Emílio Pereira da Silva, 22, da ONG Pela Vidda, os jovens tendem a achar que a infecção nunca vai acontecer com eles. “Aconteceu comigo. Relaxei na prevenção”, diz ele, que começou vida sexual por volta dos 16 anos e, aos 18, estava infectado pelo HIV.

Ao saber do resultado do teste, ele afirma que demorou uma semana para contar aos pais. “Minha mãe reagiu de forma mais tranquila porque já sabia dos avanços do tratamento. Meu pai achou que eu já ia morrer”, lembra.

Hoje, ele faz um trabalho virtual e presencial de orientação e prevenção sobre o HIV. “Ainda há muita desinformação e estigma. Pessoas abandonam o tratamento porque têm medo de contar no trabalho e serem demitidas.”

Para o professor Mario Scheffer, do departamento de saúde preventiva da USP, é preciso promover uma “alfabetização” das novas gerações, com uma reinvenção da prevenção da Aids.

“Aquela história de falar ‘use camisinha e faça o teste’, não funciona mais. São novos modos de vida, de espaços de sociabilidade e de acordos de identidade. Antes havia uma adesão maior a recomendações comunitárias. Agora faz parte das novas gerações uma individualização das normas.”

Segundo ele, é preciso pensar em estratégias customizadas de prevenção. “Nem todos os jovens gays são iguais.”
Para Ligia, tem havido uma banalização da Aids no mundo todo. “As pessoas acham que tem cura, você toma remédio e acabou. O tratamento é excelente, salva vidas, mas não é coisa simples e trivial.”

Gerson Pereira, diretor substituto do departamento de vigilância, prevenção e controle das infecções sexualmente transmissíveis, do HIV/Aids e das hepatites virais do Ministério da Saúde, afirma que o ministério, em parceria com o MEC, voltará a fazer ações educativas sobre sexualidade nas escolas.

Diz também que o governo federal tem um cardápio importante de respostas na prevenção do HIV/Aids para a população mais vulnerável.

Além da oferta de camisinhas e de droga que previne a infecção pelo HIV (o chamado PrEP), o ministério oferece a chamada profilaxia pós-exposição, um conjunto de medicamentos contra o HIV que devem ser ingeridos por 28 dias no período imediatamente após o possível contágio.

Pereira reforça que o ministério promove campanhas de prevenção à Aids voltadas aos jovens, especialmente nas mídias sociais, sites de relacionamentos e aplicativos de paquera. “Campanhas de rádio e TV são menos vistas pelos mais jovens.”


Segundo ele, o aumento do HIV entre jovens tem ocorrido no mundo todo e isso deve, principalmente, à perda do medo da morte. “Os jovens se acham super-homens, que nunca vão adoecer, e não procuram os serviços de saúde.”

12.2015 - Apps de paquera provocam alta nos casos de HIV entre jovens, adverte ONU

DA BBC BRASIL - 02/12/2015

O aumento no uso de aplicativos de paquera é um dos principais fatores responsáveis por uma nova epidemia de HIV entre jovens homens gays, aponta um estudo do Unicef (braço das Nações Unidas para infância e juventude).
O foco da nova pesquisa, divulgada nesta semana, é a região da Ásia-Pacífico, que inclui países como China, Japão, Indonésia e Tailândia, além de nações da Oceania.

A conclusão é que a região - que concentra metade do 1,2 bilhão de adolescentes do mundo - enfrenta uma "epidemia oculta" de HIV entre jovens de 15 a 19 anos. Houve 50 mil novos casos nessa faixa etária em 2014, o que representa 15% das infecções registradas na região no período.

Apenas nas Filipinas, os registros absolutos anuais passaram de 800 para 1.210 entre 2010 e 2014, um salto de mais de 50%.

O estudo de dois anos conclui que aplicativos de paquera para celular elevaram as opções de sexo casual em uma escala sem precedentes.

"A explosão de aplicativos de paquera gay para smartphones expandiu como nunca as opções para sexo espontâneo casual - usuários dos aplicativos móveis na mesma vizinhança (quando não na mesma rua) podem se localizar e marcar um encontro sexual imediato com apenas alguns toques na tela", afirma o relatório da pesquisa.

Embora as confirmações de HIV positivo estejam caindo no quadro geral, os índices vêm avançando entre segmentos específicos da população da região, como jovens homens gays, homens que se relacionam sexualmente com homens, jovens que fazem sexo por dinheiro, jovens usuários de drogas injetáveis e jovens transgênero.

A epidemia avança mais rápido - sobretudo em grandes cidades, como Bangcoc (Tailândia), Jacarta (Indonésia) e Hanói (Vietnã) - entre homens jovens que fazem sexo com homens e jovens usuários de drogas injetáveis. Segundo o Unicef, essa tendência coincide com um aumento no comportamento de risco, como envolvimento sexual com múltiplos parceiros e uso irregular de preservativos.

"Jovens homens gays nos afirmaram com frequência que agora estão usando aplicativos de paquera para encontros sexuais, e que estão tendo mais sexo casual em decorrência disso. Sabemos que esse tipo de comportamento de risco aumenta a disseminação do HIV", afirmou ao jornal britânico The Guardian Wing-Sie Cheng, consultor do Unicef para HIV/Aids no leste da Ásia e Pacífico.

Pressão e exclusão

"Eu era muito vulnerável ao HIV antes mesmo de fazer 18 anos. Era quando estava explorando minha sexualidade e buscando meios de lidar com a pressão da escola e das grandes expectativas da família. Também tinha depressão crônica, principalmente diante de frustrações românticas. Por causa disso, mantinha sexo sem proteção com diferentes garotos que mal conhecia e que encontrei por redes sociais na internet", afirmou ao estudo um rapaz filipino de 28 anos, identificado apenas como J.A.

A pesquisa reconhece que os setores mais vulneráveis a epidemia são também os mais marginalizados, não raro rejeitados pelas famílias e ignorados por serviços públicos de saúde e educação.

"Embora as circunstâncias sociais e econômicas possam variar, são jovens afetados pelas inseguranças emocionais da adolescência, como a expectativa de cumprir papeis de gênero e baixa autoestima (...). Jovens também costumam acreditar que não correm risco, mesmo considerando que outros com o mesmo comportamento estão em perigo", afirma o relatório.

Tecnologia como educação

O estudo do Unicef cita a possibilidade de usar aplicativos de paquera populares na região, como Jack'd, Blued e Grindr, para promover educação sexual e estimular, por exemplo, os exames para verificação da infecção por HIV entre a juventude ultraconectada.

Os indicadores de inclusão digital na região atestam o potencial da ideia: são 3,7 bilhões de conexões móveis, 1,4 bilhão de usuários ativos de internet e quase 1 bilhão de usuários de redes sociais em dispositivos móveis.

"Estamos convencidos de que existe uma relação (entre uso de aplicativos e aumento nos casos de HIV), e que precisamos trabalhar melhor com os provedores de aplicativos para compartilhar informação sobre HIV e proteger a saúde dos adolescentes", completou Cheng ao jornal britânico.

Mas a estratégia pode não ser eficaz, como disse ao The Guardian Jesse Krisintu, que trabalhou em projetos de incentivo ao teste de HIV em jovens por meio de táticas como anúncios de aplicativos de paquera.

Segundo ele, uma iniciativa que oferecia descontos em testes de HIV nesses anúncios teve retorno pífio - a maioria dos usuários fechava a publicidade imediatamente.

"É o negócio deles (dos sites de paquera). Se anunciarem muito sobre HIV e Aids você acha que as pessoas irão usá-los?", questionou.

Mortalidade

Outra conclusão da pesquisa é que adolescentes são mais vulneráveis a morrer de causas relacionadas à Aids, por causa de fatores como diagnóstico tardio e menor propensão a buscar tratamento, muitas vezes por temor de estigmatização ou de expor a sexualidade a familiares ou autoridades.

Pelo menos 18 países da região criminalizam as relações homossexuais, o que desencoraja homens gays a buscar tratamento, segundo a ONU.

Apenas no sul da Ásia, as mortes ligadas ao HIV entre pessoas de 10 a 19 anos quase quadruplicaram de 2001 a 2014: elas foram de 1,5 mil pra 5,3 mil. Para a Unicef, se a epidemia da síndrome entre adolescentes não for combatida, não será possível cumprir a meta da ONU de retirar, até 2030, a Aids da lista de ameaças globais à saúde pública.
Embora o estudo da Unicef não aborde o Brasil, dados oficiais mostram que a incidência de infecção por HIV está aumentando entre jovens de 15 a 24 anos.


Segundo o Ministério da Saúde, o índice por 100 mil habitantes passou de 9,6 em 2004 para 12,7 em 2013. Foram 4.414 novos jovens detectados com o vírus em 2013, ante 3.453 em 2004. 

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